Pelas ruas da cidade um movimento de vai-vem apressado e contínuo. Muitas roupas coloridas. Crianças misturadas a seus pais que meio que assustadas e curiosas vão aprendendo a arte de votar. Isto mesmo. Votar é uma arte, saber votar é uma conquista.
Dia de votação é o maior barato democrático. Tudo e todos alvoroçados ou altamente compenetrados vão chegando às sessões e a cada hora que passa o borburinho vai aumentando. São grupos aqui e acolá dos que vão votar e dos que já votaram tentando prever qual e tal candidato tem a maior possibilidade.
Dia de votação você encontra pessoas que não via há muito tempo, curiosamente, e aí aquele bate-papo.
Sempre há tempo para comprar o pão quentinho, tomar uma água de côco, correr na praia, tomar um banho de mar. Há os que gostam de votar bem cedo e os que deixam para a última hora. Não importa. O importante é comparecer e cumprir com o seu dever cívico.
Este ano, pela manhã. vi muitas pessoas jovens indo votar e um número bem pequeno de pessoas idosas. Será a decepção para estas, a sensação da inutilidade ou a sensação da continuidade, quiçá, do "mesmismo" ? Não sei. Dirá o tempo, dirão as urnas. Quem viver verá.
Lembro da minha primeira vez que votei. Acordei bem cedo, peguei a condução e fui para a minha sessão. Meu coração batia acelerado a cada vez que a fila andava e eu me aproximava pela primeira vez da urna. Cumpri com meu dever, dobrei a cédula e a depositei na urna. Ali estava a minha contribuição para um país que eu vislumbrava um futuro glorioso. Sorrindo saí da sessão e passando pelas filas ia deixando um rastro de otimismo e vaidade e pensamentos de dias melhores. Já se vão muitos anos e não posso dizer que ao sair, hoje, da votação transmiti alguma coisa. Sá havia a obrigação do voto e nenhuma sensação. Fui, votei no que me pareceu melhor e só.
A esperança eu deixo para as minhas netas.
