quarta-feira, 14 de setembro de 2011

               PARAGOMINAS ( 2 )

   Ao longo do Rio Gurupi, 11 aldeias indígenas vivem acuadas em terras que lhe pertencem por lei. Cerca de 50% dos 279 hectares da Terra Indígena do Alto do Rio Guamá, no Pará, já foram invadidas por traficantes, desmatadores ou fazendeiros. Chegam também garimpeiros interessados em retirar amostras do solo rico em minérios.

  Próximo ao encontro dos rios Gurupi e Icoaraci existem roçados de maconha que se espalham pela mata  Formada por brancos, que alegam ocupação anterior à demarcação, a comunidade reúne de miseráveis à vigilantes do tráfico.

  Enquanto alguns índios são ameaçados por traficantes, em aldeias vizinhas cresce o número de usuários da droga, que se tornam dóceis a ocupação de suas terras. A invasão começa a criar uma divisão entre as aldeias e a reserva, na divisa com o Maranhão.

  Os ânimos entre os índios estão exaltados porque a terra foi transformada em território sem lei. Falta consenso entre a forma de tratar invasores e já não é claro quem é ou não é parente. A situação preocupa. Na região de reserva 14%  da área já sofreu desmatamento e está sendo ocupada por fazendas e pequenas propriedades, além da chegada de pesquisadores e garimpeiros.

  Já existe negociação de madeira que depois é revendida por 5 vezes o valor arrecadado em metros cúbicos. Como a terra é de todos cada índio faz o que quer. Os índios casam cada vez mais com forasteiros que adotando o sobrenome da etnia, passam a morar na aldeia e levam seus parentes aumentando o descontrole. Quanto maior a vigilância contra o desmatamento nas reservas legais em propriedades particulares, pior a pressão sobre as terras indígenas.

  A divisão das aldeias preocupa o poder público pois a cada mudança têm que haver garantias de serviços básicos como educação e saúde. Os que moram a beira do rio são beneficiados com a chegada das  "voadeiras " até eles. Já do lado do Maranhão eles gostam de viver dentro da mata o que dificulta a chegada do poder público.

  Mesmo com 50% de terras invadidas e 14% desmatadas o povo luta para provar que são índios e precisam continuar sob a proteção do Estado, com garantia de terra, saúde, cesta básica e educação, aonde quer que desejem morar, dentro da área reservada. São 6 escolas da reserva onde estudam 450 crianças e adolescentes e os livros são adaptados à sua realidade. Os índios jovens em sua maioria, no entanto, gostam de andar de moto e usar tênis. O pajé diz tristemente que o tempo é um período que a maioria não sabe esperar. 

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